quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Evangelho dia 02 de agosto





Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 15,1-2.10-14
 
"Alguns fariseus e escribas vindos de Jerusalém dirigiram-se a Jesus perguntando: "Por que os teus discípulos desobedecem à tradição dos antigos? Eles não lavam as mãos quando vão comer!". Jesus chamou a multidão e disse: "Escutai e compreendei. O que torna alguém impuro não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isso é que o torna impuro". Então os discípulos se aproximaram e disseram-lhe: "Sabes que os fariseus ficaram indignados ao ouvir as tuas palavras?" Ele respondeu: "Toda planta que não foi plantada pelo meu Pai celeste será arrancada. Deixai-os! São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois caem no buraco"." 

Meditação: 
 
Uma das características dominantes nas narrativas dos evangelhos é o registro da contradição entre a mensagem de Jesus e a tradicional mensagem dos chefes religiosos de Israel, particularmente representados pelos fariseus e escribas.

Tal contradição, levantada por Jesus será o principal motivo para sua perseguição e morte. Mateus, no Sermão da Montanha já caracterizara esta contradição na sucessiva fala de Jesus, sempre com a introdução: "Ouviste o que foi dito aos antigos... eu porém vos digo...".


O Evangelho de hoje traz a discussão de Jesus com os fariseus sobre o puro e o impuro. O texto fala dos costumes religiosos daquele tempo, fala dos fariseus que ensinavam tais costumes ao povo, e fala das instruções de Jesus a respeito destes costumes, muitos dos quais já tinham perdido seu sentido.

Aqui, no capítulo 15, Jesus ajuda o povo e os discípulos a entenderem melhor este assunto tão importante da pureza e das leis da pureza.
 
Alguns fariseus e diversos doutores da lei, vindos de Jerusalém, se aproximam de Jesus e perguntam: "Por que os teus discípulos desobedecem à tradição dos antigos? Pois comem pão sem lavar as mãos!" Eles fingem estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos.

Na realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as normas da pureza. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados:
 
1) Os escribas são de Jerusalém, da capital. Vieram observar os passos de Jesus.
2) Os discípulos não lavam as mãos para comer! A convivência com Jesus deu-lhes coragem para transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham sentido para a vida.
3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.
“A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei.

A observância da pureza era um assunto muito sério. Uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão.

As normas da lei da pureza ensinavam como recuperar a pureza para poder comparecer de novo diante de Deus e sentir-se bem na presença dele.

Não se podia comparecer diante de Deus de qualquer jeito. Pois Deus é Santo e a Lei dizia: “Sede santos, porque eu sou santo!” (Lv 19,2). As normas de pureza eram, na realidade, uma prisão, um cativeiro (Mt 23,4).

Para os pobres, era praticamente impossível observá-las: tocar em leproso, comer com publicano, comer sem lavar as mãos, e tantas outras atividades etc. Tudo isso tornava a pessoa impura, e qualquer contato com uma pessoa contaminava os outros. Por isso, o povo vivia acuado, sempre ameaçado pelas tantas coisas impuras que ameaçavam sua vida.

Ele era obrigado a viver desconfiado de tudo e de todos. Insistindo nas normas da pureza, os fariseus chegavam a esvaziar os mandamentos da lei de Deus.

Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: o fulano que consagrasse ao Templo os seus bens, já não podia usar esses bens para ajudar os pais necessitados.

Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e mãe (Mt 15,3-6). Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora.

Por dentro, o coração ficava longe de Deus! Jesus dizia, citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mt 15,7-9).

O povo, na sua sabedoria, já não concordava com tudo que se ensinava, e esperava que o messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.
 
Pela palavra ele purificava os leprosos (Mc 1,40-44), expulsava os espírito impuros (Mc 1,26.39; 3,15.22 etc), e vencia a morte que era a fonte de toda a impureza.
 
Pelo toque em Jesus, a mulher excluída como impura ficou curada (Mc 5,25-34). Sem medo de contaminação, Jesus comia junto com as pessoas consideradas impuras (Mc 2,15-17).


Ele diz para a multidão: "Escutem e compreendam. Não é o que entra na boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isso torna o homem impuro".

Jesus inverte as coisas: o impuro não vem de fora para dentro, como ensinavam os doutores da lei, mas sim de dentro para fora. Deste modo, ninguém mais precisa se perguntar se esta ou aquela comida ou bebida é pura ou impura.

Ele coloca o puro e o impuro num outro nível, no nível do comportamento ético. Ele abre um novo caminho para chegar até Deus e realiza assim o desejo mais profundo do povo: estar em paz com Deus.

Agora, de repente, tudo mudou! Através da fé em Jesus, era possível conseguir a pureza e sentir-se bem diante de Deus sem que fosse necessário observar todas aquelas normas da “Tradição dos Antigos”. Foi uma libertação!

A Boa Nova anunciada por Jesus tirou o povo da defensiva, do medo, e lhe devolveu a vontade de viver, a alegria de ser filho e filha de Deus.

Os discípulos comunicaram a Jesus que as palavras dele provocaram escândalo nos fariseus, pois elas diziam exatamente o contrário daquilo que os fariseus ensinavam ao povo pois, se o povo fosse levar a sério o novo ensinamento de Jesus, toda a tradição dos antigos teria de ser abolida e os fariseus e doutores perderiam sua liderança e fonte de renda.

A resposta de Jesus é clara e não deixa dúvida: "Toda planta que não foi plantada pelo meu Pai celeste será arrancada. Não se preocupem com eles.
 
São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco". Jesus não diminui o impacto das suas palavras e reafirma o que dissera antes.
 
Reflexão Apostólica:
 
A planta plantada pelo Pai é aquela que dá frutos de amor e misericórdia, na liberdade dos filhos de Deus que se empenham na construção de um mundo de justiça e paz.

Todo o nosso ser como planta do Pai se estiver virado para Deus, não precisaremos de lavar as mãos e também não haverá lugar para as trevas nos nossos corações. 
 
A Luz Divina unifica-nos, chama-nos a uma vida sempre mais verdadeira: as máscaras, que permanecem mesmo no casal, no relacionamento entre namorados, entre filhos e pais, entre parentes, colegas, vizinhos e amigos cairão progressivamente.
 
A ambigüidade dos nossos propósitos, dos nossos comportamentos, a distância entre o que dizemos ou fazemos desaparecem naturalmente.
 
Se o desejo profundo que nos faz viver é primeiro que tudo o desejo do alto, o olhar que dirigimos ao nosso cônjuge e sobre todos os mencionados acima, está acima dos outros, vem de Deus, será purificado de qualquer ambição, despojado de vontade e mãos abertas, para se tornar um olhar respeitoso e maravilhado pelo mistério do outro.
 
Agora uma coisa que não pode acontecer conosco é a desconfiança o olhar maliciosamente nas ações dos outros. Ver nelas algo para derrubar, para levar vantagens próprias e egoísticas, aí está o problema.
 
Será que, me pergunto, fico reparando demasiadamente nas ações das outras pessoas? E me esqueço que nem tudo o que brilha é ouro? E que as coisas nem sempre são o que me parecem ser?

Não adianta viver de aparências diante dos homens, pois Deus vê a intenção que trazemos no coração. Algumas vezes nos preocupamos com as práticas exteriores como os fariseus no evangelho de hoje: Por que é que os seus discípulos comem sem lavar as mãos, desobedecendo assim aos ensinamentos que recebemos dos antigos?, e esquecemos de olhar para o nosso interior que precisa tanto de conversão.
 
Jesus nos deixa bem claro: Não é o que entra pela boca que faz com que alguém fique impuro. Pelo contrário, o que sai da boca é que pode tornar a pessoa impura.
 
Portanto é o mal que sai do coração. É isso sim que prejudica a vida do homem. Por isso é que Jesus nas bem-aventuranças diz. Felizes os puros de coração.
 
Devemos ter muito cuidado com as palavras que falamos e com as nossas ações. Peçamos sempre a Deus que faça de nós instrumentos de edificação na vida de nossos irmãos, pois fomos chamados para promover o bem que se fundamenta na rocha da fé.

Procura guiar os que estão ao meu redor para qual caminho? A felicidade nunca está onde a pomos, e, nunca a pomos onde estamos.
 
Que tipo de felicidade procura o nosso mundo? Será que a encontra? Onde ? Em quê? Onde estará o Caminho da felicidade? Onde o podemos encontrar? Não está e nem pode estar fora de nós. Ela está dentro de nós mesmo.
 
Santo Agostinho diz que não podemos procurar Deus longe de nós. Deus está dentro de nós no nosso coração, na voz intima da nossa consciência e, se o nosso coração estiver limpo, se a nossa consciência for límpida, nela tudo será puro e sendo puro seremos obedientes à voz da consciência que é a do próprio Deus.
 
É dela que o Profeta Isaías faz o anúncio como sendo aquele que nos trará a felicidade, que nos indicará o caminho para que possamos ser felizes.
 
Vamos, portanto escutar com os ouvidos e com o coração e não com as mãos lavadas como os fariseus induziam o povo.

Propósito:
 
Senhor daí-me a graça de sempre lavar, não as mãos ao me aproximar da Vossa mesa, mas sim o coração. Para que Tu entrando nele o possas transformar num verdadeiro templo, onde vos possa louvar, adorar, bendizer e agradecer a graças que me tendes concedido todos os dias.
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